Perceber-se no mundo, enquanto indivíduo, dotado de particularidades imensuráveis e muitas vezes desconectado de um todo. Mas, ao mesmo tempo, circulando como uma espiral psicodélica dentro do corpus social, unindo-se e afastando-se das margens e delimitações estreitas que normalizam os sentidos e tentam uma homogeneização de formas e comportamentos é incrivelmente assustador.
"The life is hard", diz um personagem de uma série norte-americana. A sua dureza não está na rotina, no tempo infiel, na ambiguidade das ações dos outros, sua dureza liga-se muito mais ao sentido existencial. A compreensibilidade do seu Eu. Do duplo e obtuso campo em que cada um passeia. Aquilo que ora é performance, ora é real. Misturam-se a infinidade de circunstâncias e sentimentos que somados, conformam o nosso sentido individual.
Mas não adianta, aqui, tentar falar de minha filosofia barata de fundo de quintal. O que sei é que o infindável mundo interno de cada um é nebuloso, estranho e desforme.
E, sempre há aquele momento sinestésico, catalítico, ou sei lá o que, em que nos faltam palavras, objetos, comparações e meios pra explicar a força pujante que salta do fundo de nossos espíritos.
É uma grande passeata alegórica, colorida, sonora e ululante, correndo, nascendo, vivendo e gritando dentro de nós. Como se fosse aquelas enormes Tsunamis que recuam o mar para só então, depois, despejar toda a sua ira malévola e encrespada. Faltam razões, palavras, tato, cheiros, expressões.
É uma ciranda incontrolável de faltas. E quanto mais se nada contra a força da correnteza de nadas e faltas, mais o caminho passa a ser obscuro e vazio. É uma corrida medonha atrás do coelho saltitante, dono daquele relógio maluco. No entanto, correr acaba sendo a única saída. Pelo menos a mais proveitosa, no sentido de gasto energético. Correr (contra ou atrás do que?) nos ajuda a manter a fé no corpo, na carne, no plano objetivo-material.
E todas as vezes que o coração e/ou o cérebro insistem em não ajudar. Apelar para os instintos é a última e única saída. Então, você volta a caminhar, correr e nadar.
Não sei se um dia tudo isso passa. Se a quantidade de invernos modorrentos e verões excitantes, de uma forma ou de outra, preparam-nos pra vivenciar todo tipo de experiência.
O que posso dizer é que todas as vezes que um sopro insano de sentidos recai sobre nossos corpos e almas despreparados, somos afetados, modificados e recriamos novas maneiras de enxergar o mundo e nossa condição existencial.
Todo inspirado com a série
ResponderExcluirO impacto das emoções gerando palavras. É sempre assim.
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