sábado, 14 de março de 2015

A garota dos olhos lilás

Cabelos de relva fria e densa do orvalho da manhã. Uma cadência espetacular. Sua silhueta é potência que nem as formas mutantes do deserto é capaz de alcançar. Caminha levemente sob as ondas de luz. Brinca de estrela. Navega na cintilação dos ventos nobres. Seu coração arde, flameja e jorra lavas de paixão. Sua pele brilha quando anoitece, derrete quando chove e cristaliza-se com a força do sol. Tem uma malemolência estranha e encantadora. E quando ela ri!? Ah, é um riso souto, espalhado, estridente, saltitante feito lebre no descampado. Suas mãos são alvas e ternas como a candura das águas doces. Mas é forte feito rocha. É filha do fogo e da terra. Tem um olhar arrebatador, que destrói, corrompe e fulmina as barreiras do dizível. É a garota dos olhos lilás, cor púrpura do céu das tardes de verão. Temperamento fugaz e volátil como o ar. Ela sonha em ser mulher, desbravar outros horizontes, seguir novos caminhos. Mas, suas convicções de vida, fazem-na saber: que há hora de plantar e hora de colher. E devagarzinho ela vai aprendendo, com o ciclo infinito da vida, com o romper de cada manhã, que a melhor forma de existir é caminhando sobre o hoje, rumo ao futuro, de pés descalços e alma lavada, de cara na chuva, sem medo de se molhar.

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