segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Círculo de fogo

Sim, nós falhamos. 
Não, nem sempre aprendemos com os tropeços. 
Talvez, seja o modo que encontramos para lidar com a corruptibilidade da vida. 
E chega a ser ridículo - no sentido mais literal e bizonho da palavra -, na medida em que não criar um mecanismo de auto-defesa contra os espinhos futuros, é uma falta de engenhosidade, é negar a racionalização da vida (da qual tanto nos orgulhamos). 
Mas é a maldita esperança que nos leva a acreditar que não existirão novos espinhos ou peçonhas fulminantes no meio do caminho. É a verdeloquência burra dos simbolos ingênuos que nos faz crer que um raio jamais cairá novamente sobre nossas cabeças desprotegidas e débeis. 
Ou talvez seja só a burrice absorta que nos leva ao eterno falibilismo e a reincidência, ao ponto velho de novo. 

Esperto mesmo são os animais. Desconfiados. Atentos. Ladinos e escorregadios.

Nossa forma de achar que tudo se resolverá no final, que a vida é feita de cores cintilantes e happy ends, está tão sujeita a socos lancinantes no estômago, quanto um lutador de vale-tudo, no auge do segundo hond. Viver é pular, constantemente, para dentro de poços obscuros. 

Mas será que é justo apostar tão alto? Vale a pena continuar caminhando de modo inseguro, insurgente ou até mesmo imprudente sobre os mesmos caminhos perniciosos? 
Todos os manuais de auto-ajuda e tutoriais de vida feliz, unanimimente, dirão que sim! Que precisamos continuar seguindo. Ou que o medo de se arriscar é um entrave absurdo em nossas vidas. 
Porém, então, gostaria que todos os doutores especialistas em caminhos retilíneos e descomplicados, viessem me contar, como chegamos até aqui hoje, sem o medo como mola propulsora. 

Cada conjunto destes de horas, ao qual chamamos de dia, nada mais são, do que roletas russas indomáveis. Num dia você cai, some do mundo inteiro, submerge num vazio abissal e inatingível, noutro, está ao pé do sol, no cume tão alto e iluminado, que lhe é possível enxergar as supernovas acontecendo dentro da esfera de hélio. 

Saltar pra fora do círculo de fogo que nos rodeia seria tão arriscado e ao mesmo tempo libertador, mas, isso nos assusta tanto, por que não temos mecanismos eficazes capazes de nos proteger da escuridão que se estende por detrás das chamas. 

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